segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Estar. sentir as tuas mãos percorrerem-me o corpo. A tua boca semi-aberta e os teus olhos negros, serenos, o teu corpo quente encostado ao meu.

Estas tão distante meu amor... nunca chegas a chegar.

Custa-me tanto. tanto. beijo-te em sonhos. estou a teu lado e não consigo tocar-te. A voz que não sai. o medo. sempre o medo. que me invade, oprime.

Gostava de cometer uma acto de desepero contigo meu amor. mas nem isso. nem isso me permito, me permites...

Permaneço. imóvel. estática. com as lágrimas a cairem que não vês. Espero, paciente, creente em nada, pela palavra que não vem, pelo toque que não chega, pelo brilho dos teus olhos que não vejo quando me ves.

Busco. a todo o segundo um sinal. Que afinal voltarás, que nunca te foste. que me amas.

Fujo. de mim, de ti. Da ausência infernal do que não acontece quando estamos..

Amo-te. mas não há amor sem ti.

Morro, lentamente...suavemente...silenciosamente.

domingo, 29 de novembro de 2009

Apanhei a Gripe A. Tanto se falou: Testemunhos, circulares, opiniões médicas, vacina-se ou não, mata ou não mata. Ignorei. Totalmente. Fui vendo, passivamente enquanto um numero considerável e, cada vez maior de pessoas no meu trabalho ia apanhando a dita. Até quando o meu colega de gabinete a apanhou não dei mais de 20 segundos de pensamento a isso.

Finalmente, quando estava atrapalhada com trabalho que não podia adiar, ela veio visitar-me. Vi logo o que era e, como tal, acabei o que tinha de fazer e vim para casa. benurons, cama e saco de água quente e, pronto.

Mas não, não podia ser assim.. Existem os histéricos, os hipócondriacos, os que projectam os medos da alma na doença, legitimando assim a respectiva partilha: faz o teste ! não basta o médico dizer ! é grave !

E os que não se aproximam... o medo do contágio. Engraçado. Depois querem que os que têm doenças infecto-contagiosas assumam que as têm. Querem que as pessoas tenham uma atitude normal, responsável.

Tivesse eu dito que era uma gripe sazonal e que me mandavam ficar em casa 7 dias e pronto. Assunto arrumado. evitava o contágio, ficava de quarentena e ainda por cima não me chateavam.

Não. Este hábito destrutivo que tenho de ter de dizer sempre a verdade, pelo menos a minha. Burra.

Não há nada pior que os hipocondriacos: horas intermináveis de histórias sempre fatais do que aconteceu em tempos...conselhos médicos do maior rigor...soluções a serem efectuadas com urgência sob pena de morte... um bla, bla, bla, sem fim. Enfim. para mim: uma pirosada.

Acho piroso, do mais foleiro e ridículo.

A mim, stressam-me outras coisas.
Hoje em dia toda a gente quer controlar tudo. Controlar tudo e todos, o resultado de todos os actos no outro, já não apenas em nós, no futuro, no efeito que o passado tem em nós e no que previmos nos venha a acontecer. Não me excluo. Mal o meu marido saiu de casa, algo que, inevitávelmente não controlei, lembrei-me de fazer tudo o que sempre sonhei e que nunca tinha "tempo" para fazer.

Controle, tive a necessidade ofegante de agarrar os acontecimentos pelos cornos (já que esses tambem os tinha)e voltar a ser a mulher que prometia ser antes de me casar e que pelo embalar da vida a dois e da minha prória perguiça nunca me deixei ser.

Assim, vieram as fantásticas sessões de terapia individual onde me expus sem qualquer pudor, apenas a vontade que sentia em me livrar do desgosto, do peso, da frustração de anos, da dor do que não aconteceu, da chegada ao fim.

Chorei. Chorei bem. e recebi aquele abraço que só a minha terapeuta me dá do seu metro e oitenta. Sentido e bem apertado.

Depois veio a lipo, torneando-me o corpo fazendo-me parecer a miuda que não fui, nem aos 15 anos. Veio brindar-me com a autoconfiança no meu corpo e em mim que nunca tive. Ainda me pergunto como demorei tanto tempo a faze-la. E o bikini ? esse passou a ser um "p" brasileiro !!! daqueles que eu custumava pensar, mas quem é que usa esta merda ?? só tapa as orelhas. E agora, eu, bamboleava-me na praia do guincho com o meu bikini P e de padrão leoparado, extensoes até a cintura ao vento e sorriso estampado na cara de orelha a orelha.

Agora até me sentia bem no meu 1.63, em bikini, sem os meus saltos altos (já referi que nasci com eles calçados ?).

O controle. sim, pelo menos do corpo.

Só há um tipo de controle que não suporto é o controle do politicamente correcto. Do parecer e não ser. Do mostrar e não sentir, do faz de conta. Acho, patético.

Gosto de me dar com taxistas, advogados, prostitutas, beatas, professores, academicos, operadores fabris. A falta de diversdade oprime-me. O dia a dia aborece-me e o convencional mata-me.

Sou contra o aborto. Sou a favor da adopção por gays que se amam, como qualquer outro casal.

Sou a favor de sexo por uma noite sem culpas e dramas.

Especialmente, sou a favor de que cada um possa ser como é. Sem ter de se reinventar para os outros, para si.

Gosto. Gosto muito de mim.